segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma lástima

Todo posicionamento é essencialmente um conflito.



Uma sociedade democrática deve valorizar a opinião, por ser um regime de governo que avalia essa tendência de pensamento do público. A opinião pública faz esse importante papel de voz da sociedade, que falará por todos e guiará decisões. No entanto, existe por trás de cada responsável pelo poder, como por exemplo, o governo, e principalmente os meios de comunicação de massa, o objetivo de induzir a sociedade a determinadas atitudes, possuírem determinados valores, alterando o modo de vida, comportamento e provocando a alienação.

Vivemos em uma sociedade que a comunicação é reflexo do mundo. Somos avaliados, julgados e esperamos aceitação. Mensagens subliminares são arremessadas com toda a força, que acabam por impedir o caráter crítico do público, e o faz seguir padrões pré-estabelecidos. Transformam a cultura em lucro. Transformam sonhos em pesadelos.

Eu não passo imune, porque se ainda quero viver nesse mundo, preciso seguir as regras do jogo. Preciso estudar, trabalhar, separar o material reciclavel, esconder minha olheiras de manhã, não exagerar no chocolate, fazer compras em plena segunda-feira e terminar meus deveres da faculdade. E acredito que ninguém passe imune também. Todos atendem, de certa forma, ao que a sociedade pede. Cada um de uma maneira e ao mesmo tempo todos iguais. Formamos nossa identidade combinando os “pacotes” de pensamentos, valores, caráter, estilos o que já foram previamente pensados e dados.

Agora, tente explicar para aquela família que perdeu tudo na enchente que o ideal é ter uma casa com cerca branca, jardim florido na frente e uma TV de plasma. Explica para aqueles que passam frio nas ruas que calça Saruel é tendência. Para aqueles que passam fome que o Natal está chegando e precisamos fazer um banquete e reunir a família, porque é isso que famílias felizes fazem. Explica para aqueles que têm dois empregos e termina o dia em uma sala de aula porque ainda não terminou os estudos que andar de condução é démodé.

Nesta tarde chuvosa e impiedosa de São Paulo, onde os sonhos são deixados de lado, entopem os bueiros e transbordam mentiras, os corpos vão se encaixando nos moldes de aceitação. E assim vamos vivendo.


Por Sabrina Bernardini

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