quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Contradição entre Teoria e Prática

De acordo com Immanuel Kant o homem vive na minoridade (tem a necessidade de ser direcionado por outro individuo), por sua própria escolha. Para o homem viver na maioridade é preciso que este seja autônomo (capacidade de enfrentar um problema e resolvê-lo) e apenas a educação permite a obtenção desse esclarecimento.
Segundo os preceitos iluministas e a Revolução Francesa, o indivíduo tem o direito a uma educação pública, gratuita e laica, a fim de promover indivíduos esclarecidos e autônomos. Em decorrência da Revolução Francesa é criado o modelo de República Democrática Representativa. Na sociedade representativa o poder do governo é dividido em judiciário, legislativo e executivo; o quarto poder é chamado de opinião pública e este não é eleito. Sua função é vigiar e denunciar fatos dos outros poderes, tornando-se o elo político destes. Sua base é formada pelo jornalismo que representa uma voz coletiva.
Neste momento nota-se a primeira contradição entre a teoria e a prática do pensamento revolucionário francês. Se o homem deve ser esclarecido e ter capacidade de criar um sociedade autônoma esta, não deve ser representativa, pois, ao escolher um individuo para representar o país, o homem, tira de si a responsabilidade de ser autônomo e volta para a minoridade. O que, segundo Rousseau, é uma heteronomia (foge do principio de uma sociedade com indivíduos autônomos).
Para Rousseau existe uma diferença entre opinião pública e vontade pública. A opinião pública é caracterizada pelo debate, pela polifonia e pela contradição, onde um acaba querendo eliminar o outro devido às idéias e pensamentos conflituosos; apresenta-se no âmbito particular. A vontade pública é a síntese da opinião pública caracterizada pela lei que é social e coletiva.
A imprensa para ser uma representante da opinião pública deve apresentar certos requisitos, entre eles: deve ser objetivo, neutro, imparcial e impessoal. A ciência da comunicação é baseada no positivismo que coloca as leis da sociedade na mesma condição que as ciências naturais. As leis positivistas não fazem conhecimento da ética que é essencialmente uma escolha.
Aqui ocorre outra contradição. Ao colocar ciências naturais e sociais no mesmo patamar, o positivismo acaba por simplificar as leis sociais porque estas, ao contrário das naturais, são mutáveis e inconstantes, portanto não segue os mesmos preceitos. Ao excluírem a ética da questão social, retira-se também a noção de escolha do individuo que é fundamental para que o cidadão se torne autônomo a fim de responder pelos seus atos e construir uma sociedade mais justa e correta.

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